segunda-feira, 7 de abril de 2014

EXPOSIÇÃO PRORROGADA: ATÉ DIA 18 na Escola Guignard
Visitação: de Segunda a Sexta – de 9h às 12h e de 14h às 21h / Sábado de 9h às 12h
Local: Galeria Guignard – Rua Ascânio Burlamarque, 540 – Mangabeiras

O Museu Mineiro lança o Livro Um Alfabeto Para Contar Histórias: dos Homens, das Coisas, das Plantas e dos Animais - CULTURA INDIGENA – UM OLHAR DIFERENCIADO
Data: 22 de maio, sábado
Horário: 11 horas
Local: Galeria Guignard – Rua Ascânio Burlamarque, 540 – Mangabeiras
Exposição Palavra: dos Homens, das Coisas, das Plantas e dos Animais
Data: 24 de maio a 11 de junho
Visitação: de Segunda a Sexta – de 9h às 12h e de 14h às 21hSábado de 9h às 12h
Local: Galeria Guignard – Rua Ascânio Burlamarque, 540 – Mangabeiras

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009



BLOGS DO PROJETO - E SUAS AÇÕES EDUCATIVAS:
Acesse >>
http://www.palavradodinheiro.blogspot.com/ - mostra itinerante e ação educativa no Museu do Crédito Real - Juiz de Fora
http://www.palavradosertao.blogspot.com/ - mostra itinerante e ação educativa no Museu C. Guimarães Rosa - Cordisburgo
http://www.livroculturaindigena-museumineiro.blogspot.com/ - mostra e lançamento de livro na Galeria da Escola Guignard - Belo Horizonte

segunda-feira, 10 de novembro de 2008


Palavras: dos homens, das coisas, das plantas e dos animais


[Primeira mostra dos desenhos - no Museu Mineiro]
A mostra rara reuniu 145 desenhos produzidos pelos participantes do segundo encontro de professores índios pela Secretária de Estado de Educação de Minas Gerais. Os trabalhos foram produzidos em oficinas orientadas pelos artistas Francisco Magalhães e Isaura Pena que, pautados nos temas aplicados em oficinas específicas, nas quais foram abordados a escrita, leitura, literatura e português; propuseram e orientaram o trabalho desenvolvido na oficina de arte visual realizada no curso, naquele ano. O material criado pelos índios resultou na mostra “Palavra: dos homens, das plantas, das coisas e dos animais”, que esteve em exposição no Museu Mineiro entre setembro e outubro de 2008. A exposição apresentou obras de professores dos povos Xacriabás, Maxacalis, Pataxós, Caxixós e Pankararús, tribos de Minas Gerais que criaram alfabetos, textos e letras capitulares. A mostra faz parte do Projeto Cultura Indígena: um olhar diferenciado” que pretende ainda a divulgação desse belo material por meio de uma publicação e de exposições que serão realizadas nos museu da Superintendência de Museus de Minas Gerais, sob a coordenação do Museu Mineiro.
----------------------------------------------------------

"Em sua origem, a palavra escrita, entre os sumérios, talvez tenha surgido como uma forma de contar o mundo: os dias que passam, as luas que se sucedem, os grãos dados pela terra, os amimais que foram mortos durante a caça...Os filhos ou os parentes que já se foram....Nas primeiras formas, a escrita guardava seu significado no silêncio dos símbolos, que vieram muito antes de as letras nos contarem o que nos falavam as palavras. Os símbolos, às vezes, podem conter a idéia das coisas; as letras do alfabeto ocidental são desenhos que nos permitem reproduzir os sons das palavras faladas. As palavras grafadas em desenhos de letras são uma parábola do mundo... Há palavras que guardam, na forma e no ritmo de seu desenho, a conformação que parece sugerir a imagem dos objetos ou algo da coisa que nomeia: ovo, libélula...
Nas palavras estão guardadas as coisas do mundo: grafar para não esquecer. Grafar para relacionar e compreender. Grafar para ler as leis dos homens. Grafar para fabular , confabular a história.



Os desenhos reunidos na mostra “Palavra: dos homens, das coisas, das plantas e dos animais” foram executados pelos Professores Índios de seis etnias do Estado de Minas Gerais, em oficinas de arte que aconteceram durante o II Curso de Formação de Professores Índios da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerias. Os primeiros desenhos surgiram em oficinas realizadas no território dos Xacriabá, no alto Norte de Minas, no Vale do Peruaçu, uma paisagem de mato baixo e chão carrasco, a caatinga. As proposições das oficinas foram pautadas na observação dos professores do curso, que sentiam necessidade de ter um material didático em que as imagens trouxessem referências culturais de seus povos e de sua história. Dessa observação surgiu a vontade de criarmos desenhos que pudessem vir a constituir um banco de imagens para futuras publicações didáticas e paradidáticas. No ano de 2003, em um encontro no Parque do Rio Doce, a aplicação de oficinas com outros orientadores de diversos conteúdos e a participação de Professores Índios de outras etnias abriram um campo profícuo para a realização de uma oficina que produziu os desenhos ora apresentados." (trecho do texto da exposição - Francisco Magalhães)



veja mais imagens e textos da Mostra clicando na foto acima

A ação educativa




Temos ainda um conceito genérico do índio. O que é o índio? Andar pelado, usar arco e flecha para caçar e pescar, dançar e cantar, usar brincos e penas, estar na floresta isolado, afinal os índios são iguais? Quantas línguas são faladas no Brasil? Há povos indígenas em todos os Estados?
Estes vários povos se diferem na língua, na cultura e nos costumes. Ou seja, cada qual tem uma leitura particular do mundo que não é compartilhada por nenhum outro povo.
Pense então na riqueza desta nossa diversidade cultural. Atualmente, existem 235 povos indígenas que falam 180 línguas conhecidas e estudadas; algumas muito parecidas e outras muito distintas.
Reflita sobre a importância e o valor da palavra na construção do mundo.
É com a palavra que nomeamos o mundo, criamos nossa realidade, nossos conceitos, a busca do sentido das coisas.
Assim propusemos aos pequenos grupos de visitantes elegerem um dos 145 desenhos expostos, e criar uma estória falada, escrita, e até mesmo teatralizada.
Vejam só no que deu.



Assim propusemos aos pequenos grupos de visitantes elegerem um dos 145 desenhos expostos, e criar uma estória falada, escrita, e até mesmo teatralizada.

Coordenação Ações Educativas/Museu Mineiro: Roberto de Paula Júnior
Oficinas e blogs: Roberto de Paula Júnior e Marconi Marques
Coordenação Geral: Francisco Magalhães - diretor do Museu Mineiro

Passarinho e sua namorada
Era uma vez um passarinho. Ele encontrou uma namorada. Ele só sabia namorar. Ele adorava namorar pois queria se casar com ela, porque era bonita e cheirosa.


(Escola Nelson Jonas de oliveira / Sofia e Beatriz /desenho de Marli Gonzaga Mota - "juriti")


A raposa

Um dia, uma Raposa estava andando na floresta. Estava com muita fome. Ela viu uma pata indo para o rio nadar. A raposa correu para pegar a pata. Ela conseguiu pegar.
(Escola Nelson Jonas de oliveira / Leonardo, Matheus, Henrique e Marcelo / desenho Eder Possindônio de Souza)


A floresta perdida

Era uma vez uma floresta perdida. Ela era uma floresta cheia de cobras. Havia três passarinhos, e ela era cheia de árvores que nunca cresciam. Fim, até que contem outra história.

(Escola Nélson Jonas de Oliveira / Maria Eduarda, Isadora, Izabella Letícia e Beatriz / desenho de Janine Ribeiro dos Santos - "Cacique"}

Peixe-avião
Era uma vez um peixe-avião que gostava de pular e, quando pulava, abria as nadadeiras. Ele ficava com frio.

(E. Nélson Jonas de Oliveira / Lucca, Samuel, Diva, Osvaldo, Matheus, Gustavo / desenho s/ autoria - "Peixe Avião")



O jacaré
Era uma vez um jacaré que vivia numa lagoa. Ele vivia dos peixes que os pescadores pegavam para se alimentar. Um dia, um grupo de pescadores resolveu pescar lá. E, depois de um tempo, perceberam que não havia mais peixes. Eles sabiam que o culpado era o jacaré e resolveram matá-lo. E nunca mais se preocuparam com o jacaré.
Escola Municipal Rubem Costa Lima / Bruno, Rafael, Jean, Lucas, Welligton / desenho de Nilma Rodrigues de Souza


A raposa

Era uma vez uma raposa que roubava galinha e a comia debaixo de uma árvore. Um dia, um índio pegou uma galinha. Era uma galinha da cor carijó. Ele então colocou a galinha dentro de uma arapuca e se escondeu. Na hora em que a raposa apareceu, ele pegou a lança e - Cataplan!! A raposa morreu, e nenhuma outra galinha desapareceu.

(Escola Municipal Rubem Costa Lima / desenho de Eder Possindônio de Souza)


Gregório
Era uma vez um coelhinho chamado Gregório. Tinha apenas cinco anos e adorava mudar as coisas. Por exemplo, se visse alguém desmatando o meio ambiente, não se conformava, apenas, em corrigir o erro das pessoas. Gregório pensava diferente: será que quando eu crescer vou ser um bom exemplo para meus filhos? Espero que as pessoas pensem como eu, e assim o mundo será melhor.
( Escola Municipal Rubem Costa Lima /Evelin, beatriz, Adriele , Joyce e Sabrina / desenho de Nelson Gomes de Oliveira)

O gato

Era uma vez um gato que não tinha dono. Ele ficava pelas ruas de Belo Horizonte.Um dia, um garoto bondoso resolveu pegá-lo e o levá-lo para casa. Mas seu pai era muito malvado e não o deixou entrar com o gato. Então, ele levou o gato para a floresta.Um velho que passava por aquele local achou o gato muito interessante e resolveu fazer uma obra de arte com o gato. Ele fez um quadro e o trouxe para o Museu.

(Escola Municipal Rubem Costa Lima / desenho de Fernanda Cristina da Costa - "gato")

Conto da tribo
Era uma vez um lindo índio chamado Kugamunga, mas tinha um canto tão horrível que era difícil arranjar namorada.
Um dia, houve uma festa na tribo vizinha, e ele se encantou com uma índia que se chamava Jurema. Ele foi até ela e pediu-a em namoro. Ela era compromissada mas se apaixonou por ele e disse que sim. Eles começaram a namorar escondidos, até que um dia, o namorado da Jurema descobriu. Parati, o namorado da índia, resolveu que iria matar Kugamunga. Parati matou-o. Jurema pediu a seus deuses que o transformasse em um animal que cantasse muito bem. No outro dia, seu pedido foi realizado, e todas as vezes que ela estava triste, ela chamava o pássaro que cantava com uma voz que encantava qualquer pessoa que a ouvisse. E assim foi durante muito tempo.
(Escola Municipal Rubem Costa Lima / Amanda, Maristela, Karina, Bruna, Joyce / desenho de Cleuza Cavalcante Silva - "jurema"


O boi e o macaco
O macaco fez uma flauta com o osso da canela de uma onça morta. O boi que era ciumento, pediu a flauta emprestada: − Empreste-me a flauta?
O macaco respondeu: − Tudo bem, mas depois você tem que devolvê-la . O boi pegou a flauta e não a devolveu mais.
Passaram-se várias semanas, e o boi nada de devolver. Então, o macaco teve uma idéia. Lambuzou a boca toda com mel e jogou bastante capim. O boi viu aquilo e enfiou o dedo lá dentro, e disse: − Oba! capim com mel! Só que o dedo do boi não saiu e o macaco disse: − Agora eu vou morder o seu dedo até você devolver a minha flauta ! E o boi começou a gritar: − Filho, pega a flauta do macaco! E seu filho não entendeu.
Já estava muito escuro quando o filho do boi trouxe a flauta para macaco.
Moral da História: “Emprestar é um prazer. Devolver é um dever”.
(Escola Municipal Rubem Costa Lima / Cíntia, Jônotas, Joze,Edson e Emânuel / desenho de Manoel Gonçalves Macedo - "vaca")
Zum-Zum

Certo dia, na floresta, apareceu um índio que estava observando as Zum-Zuns que voavam para cá e para lá. Ele ficou encantado com a cor delas que era rosa.Um dia, este índio teve a idéia de fazer um quadro rosa que tinha um tanto de borboletas Zum-Zuns que ficou famoso no Museu Mineiro.

( Colégio Imaculada _Gabriela,Laíza,Clenio, Laura / desenho defernanda cristian da costa - "zum zum")

A onça Iaiá
Há quinhentos anos, uma onça chamada Daniela estava prenhe de três filhotes. Um deles tinha uma pinta preta no olho e era de cor amarela. Deram o nome de Iaiá.
Era o único filho macho.
(Colégio Imaculada_Bruno, Daniel, Lucas, Nilayne / desenho de Marcelo Correa Franco - "onça")



Criança que chora e tem muitas emoções
Em um belo dia, uma pequena menina foi passear na floresta para caçar um animalzinho de estimação. De repente, encontrou uma onça no caminho e começou a chorar bem alto.
Pensou que se ela gritasse a onça iria atacá-la. Assim, ela calou-se rapidamente e, com muita emoção e coragem no peito, foi seguindo para a direção da onça. Ela não teve medo de enfrentar a fera. Começou a fazer carinho na onça e a onça começou a lambê-la.
Assim foi a grande história da criança que chora.

(Colégio Imaculada , lado direito / desenho 1_ Pâmela, Kimberly, Jordana, Thalita / desenho de Quitéria Edneuza
Farias Mota)




Flecha


A Flecha é usada pelos índios para caçar animais, como onças, aves, e até peixes. Os índios fazem suas flechas com bambus, cipós pedras ou ossos.
Os arcos são feitos de bambu. Com o passar do tempo, o objeto foi doado para o Museu e agora é parte do acervo.


(Colégio Imaculada, Jonathan, Leonardo, Charleston, Ítalo)



Gerônimo
Era uma vez uma menina que pulou uma cachoeira e disse: − Gerônimo ! Assim, surgiu a palavra Gerônimo. Ela foi ensinando de avó a neto. E foi ensinando na escola também.
Um dia surgiu a pergunta:− O que significa Gerônimo, Afinal, por que a menina falou esta palavra? Todos ficaram curiosos, e o mais velho da aldeia falou : − Ela disse isto por um amor perdido e significa que ela morreria por isso.
( Colégio Imaculada/ desenho de Juvenil Gomes de Oliveira - "gerônimo")
Bananéia
Era uma vez um pequeno índio que, um dia, foi presenteado por um pajé de sua tribo com uma semente muito diferente. Ele logo foi plantá-la. A semente demorou muito a brotar, mas o índio não desistia. Todo dia ia e regava a sua futura árvore. Os índios da sua aldeia caçoavam e diziam que não precisava regá-la, pois a chuva já iria fazer esse trabalho. Ele não desistia de ver sua semente germinar. Assim, com o passar do tempo, nasceu um raminho, que depois se transformou numa árvore muito linda a que ele deu o nome de Bananéia.
O pajé ficou muito feliz com o empenho do curumim. Quando a Bananéia deu seus primeiros frutos, o curumim ficou muito orgulhoso, pois eles alimentaram toda a aldeia, e seu cultivo foi passado de geração a geração.
(Colégio Imaculada, desenho de Merenice Nunes de Araújo - "alimento")


A pomba da paz
Era uma vez um menino muito barulhento.Sua mãe já não agüentava mais a bagunça do menino. Sabendo que os índios praticavam a paz, resolveu, então, mudar para uma outra tribo. Com o tempo, o menino foi aprendendo a prática da paz e, quando morreu, transformou-se na pomba que nos dias de hoje representa a paz.
(Colégio Imaculada, desenho de Nelson Gomes de Oliveira - "quem quem" )

domingo, 9 de novembro de 2008




O Ditado Gráfico: A arte e o belo como mediação para o impulso lúdico



detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira


O povo “Xacriabá”, como mostra um dos vídeos em exibição durante a mostra, tem o costume de pintar as suas casas com os pigmentos de terra coletada em sua região. Vivendo bem ao norte do Estado, enfrentam a seca por longos períodos do ano, durante os quais retratam, nas paredes de suas casas, as plantas,as flores e os bichos que vão desaparecendo aos poucos da paisagem.






Foto casa da caatinguinha - Verônica Mendes Pereira


Quando recomeça o período das chuvas, as pinturas das paredes se dissolvem, e o verde reaparece na janela. Assim, esta dura realidade não é captada de maneira passiva pelos Xacriabá. Este povo não apenas a sente, mas, num estado estético, coloca-se fora de si, contempla e recria o mundo diante de si, numa espécie de reflexão entre a passagem dos meros sentimentos vitais a sentimentos de beleza.



detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira



Tendo a arte e a beleza como meio e perpassando pela materialidade da realidade, retorna-se ao ideal humano com integralidade, tal qual propôs o filósofo Schiller.
“O homem não existe para retornar à unidade perdida, mas sim para conquistar uma autonomia antes inexistente. A partir da alienação e fragmentação da vida terrena, ele tenta conquistar nova plenitude. Essa plenitude não permite o abandono do mundo; exige a sua transformação. A arte, em todas as suas extensões, é, nesse sentido, caminho da realização do homem e da transformação da natureza como suporte da liberdade humana.“(Veiga, 1994, p.154)






detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira


Assim, discutimos sobre a capacidade que o homem tem de modificar seu ambiente, de torná-lo mais agradável. Falamos da estética e da sua importância em nossas vidas de uma maneira bem próxima do cotidiano.
Após esta introdução, fazemos uma pequena oficina de fabrico de tintas com terras. É bem simples: coletamos terras de vários tons, em potinhos descartáveis, e misturamos com cola branca e água. Terminamos com um ditado gráfico “Os seres da mata”, que são descrições míticas, feitas pelos índios,de criaturas que habitam as florestas.



Foto casa da caatinguinha - Verônica Mendes Pereira


As crianças, usando sua imaginação, pintam estes personagens que vamos descrevendo. “A ponte”, que liga o nosso Museu ao canteiro de obras, hoje está repleta de criaturas inimagináveis.







NO MUSEU MINEIRO










" impressionou-me a convivência da aridez daquela vida com a leveza de suas pinturas. Casas plantadas nas areias brancas da caatinguinha. "Um dia a areia branca seus pés irão tocar". Esperança que move num deserto de procuras. Tudo lembra o mar: o sol , a areia, o céu azul, o vento. Mas não havia água. E me perguntei: numa situação tão precária, o que leva as pessoas a colorir assim as suas casas, com as mãos, com os próprios dedos, numa espécie de decoração para suas vidas, como se dissessem: " e eis o meu único brilho?¨(Verônica Mendes Pereira).



"As mulheres trazem para as paredes das casas o que a natureza vai lhes tirar com a seca: as folhagens, os bichos, os "pés - de - plantas". E assim poderão se alimentar espiritualmente do que vai lhes faltar fisicamente" (Verônica Mendes Pereira).


"fazem, isto talvez, para recuperar na paisagem, a vida que na natureza, durante a seca, irá roubar. É uma ação que guarda a forma de resistência. É uma delicada afirmação da presença do homem naquele lugar, naquela paisagem: sobre a parede das suas casas, eles recriam um jardim. É o jardim que nasce da memória atávica e ancestral das pessoas que ali habitam. É uma lembrança que se perde no começo de tudo. É o jardim primordial - um jardim construído pela arte. A arte que se prende ao ciclo da vida". (Francisco magalhães)

"flecha" - desenho de Elzio M. Mota

Vídeos, que tratam da vida em diferentes aldeias, foram exibidos e mostram a intensa interação destes povos com a natureza, valorizando as brincadeiras das crianças, os jogos , as lendas, os mitos, os costumes.
. Os jogos indígenas: o importante não é ganhar, mas sim celebrar: é a VI edição de jogos de povos indígenas. São 33 etnias do Brasil e de outros países, realizando diversas modalidades de jogos, confraternizando-se.
. Das crianças ikpeng para o mundo: trata-se do cotidano destas crianças em sua aldeia. Elas próprias, de uma forma bastante espontânea e divertida, vão nos apresentando as suas diversas atividades à medida que provocam a interlocuação com as crianças que assistem ao vídeo.
. Kinja Iakaha, um dia na aldeia: o dia-a-dia na aldeia Cacau
. Cheiro de pequi e O dia em que a Lua menstruou: tratam da mitologia do povo Kuikuro.
A sessão inicia-se com uma apresentação breve do tema. Na sequência são dadas outras informações sobre a cultura destes povos e suas singularidades. Ao término da sessão, as crianças são levadas a refletir sobre o que viram.



Os filmes apresentados, em sua maioria, são feitos por cineastas indígenas e produzidos pelo link: