O Ditado Gráfico: A arte e o belo como mediação para o impulso lúdico
detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira
O povo “Xacriabá”, como mostra um dos vídeos em exibição durante a mostra, tem o costume de pintar as suas casas com os pigmentos de terra coletada em sua região. Vivendo bem ao norte do Estado, enfrentam a seca por longos períodos do ano, durante os quais retratam, nas paredes de suas casas, as plantas,as flores e os bichos que vão desaparecendo aos poucos da paisagem.
Foto casa da caatinguinha - Verônica Mendes Pereira
Quando recomeça o período das chuvas, as pinturas das paredes se dissolvem, e o verde reaparece na janela. Assim, esta dura realidade não é captada de maneira passiva pelos Xacriabá. Este povo não apenas a sente, mas, num estado estético, coloca-se fora de si, contempla e recria o mundo diante de si, numa espécie de reflexão entre a passagem dos meros sentimentos vitais a sentimentos de beleza.
detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira
Tendo a arte e a beleza como meio e perpassando pela materialidade da realidade, retorna-se ao ideal humano com integralidade, tal qual propôs o filósofo Schiller.
“O homem não existe para retornar à unidade perdida, mas sim para conquistar uma autonomia antes inexistente. A partir da alienação e fragmentação da vida terrena, ele tenta conquistar nova plenitude. Essa plenitude não permite o abandono do mundo; exige a sua transformação. A arte, em todas as suas extensões, é, nesse sentido, caminho da realização do homem e da transformação da natureza como suporte da liberdade humana.“(Veiga, 1994, p.154)
detalhe de desenho na parede de casa xacriabá - foto Verônica Mendes Pereira
Assim, discutimos sobre a capacidade que o homem tem de modificar seu ambiente, de torná-lo mais agradável. Falamos da estética e da sua importância em nossas vidas de uma maneira bem próxima do cotidiano.
Após esta introdução, fazemos uma pequena oficina de fabrico de tintas com terras. É bem simples: coletamos terras de vários tons, em potinhos descartáveis, e misturamos com cola branca e água. Terminamos com um ditado gráfico “Os seres da mata”, que são descrições míticas, feitas pelos índios,de criaturas que habitam as florestas.
Após esta introdução, fazemos uma pequena oficina de fabrico de tintas com terras. É bem simples: coletamos terras de vários tons, em potinhos descartáveis, e misturamos com cola branca e água. Terminamos com um ditado gráfico “Os seres da mata”, que são descrições míticas, feitas pelos índios,de criaturas que habitam as florestas.
Foto casa da caatinguinha - Verônica Mendes Pereira
As crianças, usando sua imaginação, pintam estes personagens que vamos descrevendo. “A ponte”, que liga o nosso Museu ao canteiro de obras, hoje está repleta de criaturas inimagináveis.
NO MUSEU MINEIRO
" impressionou-me a convivência da aridez daquela vida com a leveza de suas pinturas. Casas plantadas nas areias brancas da caatinguinha. "Um dia a areia branca seus pés irão tocar". Esperança que move num deserto de procuras. Tudo lembra o mar: o sol , a areia, o céu azul, o vento. Mas não havia água. E me perguntei: numa situação tão precária, o que leva as pessoas a colorir assim as suas casas, com as mãos, com os próprios dedos, numa espécie de decoração para suas vidas, como se dissessem: " e eis o meu único brilho?¨(Verônica Mendes Pereira).
"As mulheres trazem para as paredes das casas o que a natureza vai lhes tirar com a seca: as folhagens, os bichos, os "pés - de - plantas". E assim poderão se alimentar espiritualmente do que vai lhes faltar fisicamente" (Verônica Mendes Pereira).
"fazem, isto talvez, para recuperar na paisagem, a vida que na natureza, durante a seca, irá roubar. É uma ação que guarda a forma de resistência. É uma delicada afirmação da presença do homem naquele lugar, naquela paisagem: sobre a parede das suas casas, eles recriam um jardim. É o jardim que nasce da memória atávica e ancestral das pessoas que ali habitam. É uma lembrança que se perde no começo de tudo. É o jardim primordial - um jardim construído pela arte. A arte que se prende ao ciclo da vida". (Francisco magalhães)
"flecha" - desenho de Elzio M. Mota
Vídeos, que tratam da vida em diferentes aldeias, foram exibidos e mostram a intensa interação destes povos com a natureza, valorizando as brincadeiras das crianças, os jogos , as lendas, os mitos, os costumes.
. Os jogos indígenas: o importante não é ganhar, mas sim celebrar: é a VI edição de jogos de povos indígenas. São 33 etnias do Brasil e de outros países, realizando diversas modalidades de jogos, confraternizando-se.
. Das crianças ikpeng para o mundo: trata-se do cotidano destas crianças em sua aldeia. Elas próprias, de uma forma bastante espontânea e divertida, vão nos apresentando as suas diversas atividades à medida que provocam a interlocuação com as crianças que assistem ao vídeo.
. Kinja Iakaha, um dia na aldeia: o dia-a-dia na aldeia Cacau
. Cheiro de pequi e O dia em que a Lua menstruou: tratam da mitologia do povo Kuikuro.
A sessão inicia-se com uma apresentação breve do tema. Na sequência são dadas outras informações sobre a cultura destes povos e suas singularidades. Ao término da sessão, as crianças são levadas a refletir sobre o que viram.
. Os jogos indígenas: o importante não é ganhar, mas sim celebrar: é a VI edição de jogos de povos indígenas. São 33 etnias do Brasil e de outros países, realizando diversas modalidades de jogos, confraternizando-se.
. Das crianças ikpeng para o mundo: trata-se do cotidano destas crianças em sua aldeia. Elas próprias, de uma forma bastante espontânea e divertida, vão nos apresentando as suas diversas atividades à medida que provocam a interlocuação com as crianças que assistem ao vídeo.
. Kinja Iakaha, um dia na aldeia: o dia-a-dia na aldeia Cacau
. Cheiro de pequi e O dia em que a Lua menstruou: tratam da mitologia do povo Kuikuro.
A sessão inicia-se com uma apresentação breve do tema. Na sequência são dadas outras informações sobre a cultura destes povos e suas singularidades. Ao término da sessão, as crianças são levadas a refletir sobre o que viram.
Os filmes apresentados, em sua maioria, são feitos por cineastas indígenas e produzidos pelo link:
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